Lisbon Correio da Manhã, May 7, 2004

From The Elvis Costello Wiki
Jump to navigationJump to search
... Bibliography ...
727677787980818283
848586878889909192
939495969798990001
020304050607080910
111213141516171819
202122232425 26 27 28


Lisbon Correio da Manhã

Portugal publications

Newspapers

Magazines


European publications

-

Escrevo como quem pinta um quadro abstracto


translate
   José Manuel Simões

Vinte anos depois, Elvis Costello regressa a Portugal, para uma curta série de três concertos. Em entrevista exclusiva para Portugal, o músico prometeu satisfazer o apetite do público e não se escusou até a falar da importãncia de Diana Krall.

Elvis Costello está de regresso a palcos portugueses vinte anos depois.

Porque é que, em 1975, mudou o seu nome, Declan Patrick MacManus, para Elvis Costello?

O meu empresário da altura achou que era importante eu ter um nome artístico, mais apelativo e que fosse fácil de fixar. Não há nada de misterioso ou de lógico nisso. É apenas um nome.

O ano passado foi nomeado para três Grammy e foi premiado com "I Still Have That Other Girl." O que é que isso representou para si?

Lembra-me uma estranha corrida e eu não gosto de competir. Aliás, a arte não serve para competir mas para partilhar. Contudo, não posso ignorar que os Grammy de 2003 foram muito importantes para mim.

Porque foi lá que conheceu pessoalmente a sua actual esposa, Diana Krall?

Precisamente. Apesar de ter ganho o Grammy, comparado com o facto de a ter encontrado, isso teve pouca importância.

Foi paixão à primeira vista?

Não. De início a nossa relação não teve nada de romântico. Foi só amizade. Uma amizade que não parou de crescer e que, com o tempo, se transformou em algo de fantástico.

North, o seu último disco, não traduz portanto esse amor...

Nem podia. Apesar de ter sido editado o ano passado, acabou de ser composto em 2002, pelo que ela não teve tempo de o influenciar.

Quer dizer que o seu próximo registo será menos melancólico?

Tudo indica que sim. Já estou a trabalhar nele e é provável que se venha a chamar South. A Diana está a ter uma grande influência no resultado, ao nível do sentimento e do encorajamento. As canções são mais leves e soltas.

Algumas pessoas reconhecem-no como um dos melhores escritores de canções a par de Bob Dylan. O que é que acha disso?

É um grande elogio, mas só posso dizer que Bob Dylan, tal como os Beatles ou Joni Mitchell, contribuíram para a minha formação musical e forma de escrever. Contudo, provavelmente, as minhas maiores influências foram o meu pai, que era músico, e a minha mãe, que trabalhava numa loja de música.

Por vezes, as suas canções parecem liricamente vagas.

Não diria vago mas diferente. Há muitas maneiras de escrever e a minha não é propriamente óbvia ou descritiva do meu carácter. Escrevo canções como quem pinta um quadro abstracto. As minhas letras, mesmo sendo obscuras, pretendem estimular a imaginação, sendo, muitas vezes, a própria música a sugerir o sentido das palavras.

O que podemos esperar dos seus três concertos em Portugal?

Não percebo muito bem porquê mas há mais de 20 anos que não toco em Portugal. Provavelmente porque o primeiro e único concerto que dei em Lisboa tenha tido tantos problemas. Contudo, espero que o público sinta as minhas canções como se fossem suas. Serão concertos calmos alternados com momentos intensos que irão percorrer alguns momentos da minha carreira. Vamos tocar temas de North e apresentar outros do próximo disco. Também respondemos a pedidos do público e só espero que não me odeiem nem me insultem.

De certeza que isso não vai acontecer. Conhece alguma coisa da música portuguesa?

Gosto muito de Amália Rodrigues e de Dulce Pontes. Admiro-as pela simplicidade, pela força da voz, pela melancolia. Não percebo a língua mas entendo a profundidade do sentimento.




Perfil


Elvis Costello nasceu em 1954, tendo-se estreado nas lides musicais em '77 com o álbum My Aim Is True. Seguiram-se mais 20 discos a solo ou acompanhado pelo grupo The Attractions. Ao longo de 27 anos de carreira aprofundou vários estilos, da country à soul, pop orquestral e rock 'n roll, imprimindo em todos um lirismo singular. This Year's Model ('78), Blood & Chocolate ('86), Mighty Like A Rose ('91), Kojak Variety ('95) e When I Was Cruel ('02), são alguns dos registos em que experimenta uma abrangente panóplia lírica e sonora.

Costello compôs ainda para nomes como Paul McCartney, Brodsky Quartet, Burt Bacharach e Anne Sofie von Otter e para bandas sonoras como Austin Powers: The Spy Who Shagged Me, Notting Hill, e Cold Mountain.


-

Correio da Manhã, May 7, 2004


José Manuel Simões talks to Elvis Costello ahead of concerts in Portugal with Steve Nieve, Friday, May 7, Porto; Saturday, May 8, Lisbon; and Sunday, May 9, Figueira da Foz.


-



Back to top

External links