Lisbon Público, September 19, 2003

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ELVIS COSTELLO

North


 João Bonifácio

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Deutsche Grammophon distri. Universal

Aqueles que pousarem apenas à superfície de "North" dirão que se trata de um álbum aborrecido, pouco melódico e demasiado homogéneo. Puro engano: Costello constrói uma jóia mínima que, sob pena de não se apreciar devidamente a complexidade da escrita, tem de ser analisada à lupa, um disco em que não é a opulência da jóia mas sim a delicadeza da filigrana que encanta, com a voz - em surpreendente registo de contenção - a dar pequenas voltas, enleando-se como trepadeira pelas cordas da orquestra acima, a brincar em complexos jogos harmónicos com o piano (peça basilar do disco). À excepção da lascívia de "Impatience" (estupenda canção), "North" é, do princípio ao fim, um manifesto de sobriedade, elegância e bom gosto, em que a omnipresente orquestra parece emanar de dentro das canções, nunca se impondo à voz ou ao piano: se Sinatra tivesse hoje 50 anos e decidisse regravar "September of my years", "Fallen" e "Still" teriam de lá estar. "North" é um disco tocado pela graça - e Costello é um mestre absoluto dessa coisa promíscua e menor que salva vidas - a chamada música popular.

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Público, September 19, 2003


João Bonifácio reviews North.



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